Especialistas e parlamentares defendem a importância do Sistema S para a qualificação profissional e a inovação nas empresas brasileiras

30/05/2019   17h08

 

O diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, defendeu na manhã desta quinta-feira (30) a importância das entidades do Sistema S para a formação profissional, para a competitividade e a inovação dentro das empresas e para o processo de inclusão social no Brasil.

 

De acordo com Lucchesi, que também é diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e diretor-superintendente do Serviço Social da Indústria (SESI), apenas em 2018 o SENAI registrou 2,3 milhões de matrículas em educação profissional. A entidade possui em todo o Brasil 587 unidades fixas e 457 unidades móveis, sendo dois barcos-escola.

 

O SESI realizou 1,1 milhão de matrículas em educação básica, continuada e em ações educativas no país em 2018. Ao todo, foram 3,5 milhões de brasileiros beneficiados com serviços de saúde e segurança no ano passado.

 

O diretor ressaltou que, de todas as matrículas de pessoas com deficiência na educação profissional no Brasil, 57% são no SENAI. Além disso, 80% dos alunos da instituição vêm das classes C, D e E. “Não existe nenhuma planta industrial no Brasil sem a parceria do SENAI”, disse.

 O diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, e o deputado federal Glaustin Fokus (PSC/GO)

FORTALECIMENTO DO SISTEMA – Lucchesi questionou a proposta do governo de cortar recursos do Sistema S. Esse sistema é composto por nove instituições – SESI, SENAI, Sesc, Senac, Sest, Senat, Sebrae, Senar e Sescoop – e atua, prioritariamente, nas áreas de educação básica, ensino profissional, saúde e segurança do trabalho e qualidade de vida do trabalhador.

 

“Não é inteligente tirar recursos de instituições que engajam pessoas de baixa renda no mundo do trabalho para colocar isso no sistema prisional. O mais importante é fortalecer o que fazemos”, afirmou Lucchesi, durante a audiência pública A relevância do sistema “S” e os novos desafios para 2019, na Comissão de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS) da Câmara dos Deputados.

 

No tocante à Educação de Jovens e Adultos (EJA), os dados do SESI e do SENAI apontam aprovação de 95% dos alunos nesse programa. “Temos uma solução simples, que é respeitar o trabalhador e o jovem, que não têm tempo a perder”, afirmou Lucchesi, que defendeu a necessidade de se fortalecer o aprendizado baseado no sistema profissional.

 

“O SENAI já capacitou 76 milhões de brasileiros ao longo de sua história. O Brasil não teria feito a revolução que fez na segunda metade do século passado sem o SENAI”, defendeu Rafael Lucchesi. “Cortar 10%, 20% ou 30% nos recursos [do Sistema S] vai apenas tornar o Brasil um país mais injusto. Não vai em nada ajudar o país a avançar na agenda social e econômica”, disse.

 

ATUAÇÃO HISTÓRICA – Autor do requerimento para a realização da audiência pública, o deputado federal Glaustin Fokus (PSC/GO) também ressaltou a importância histórica do Sistema S para o Brasil na oferta de educação profissional.

 

“As entidades do Sistema S trabalham paralelamente ao Estado na busca pela ampliação de acesso à educação e na profissionalização dos brasileiros, facilitando o alcance ao emprego”, afirmou o deputado.

 

Fokus ressaltou que as entidades do Sistema S são “privadas e mantidas por contribuições sociais previstas em lei” e que constituem os principais agentes autônomos de educação profissional no país. “Elas também proporcionam bem-estar ao trabalhador, com serviços na área de saúde, cultura e lazer, prestando serviços relevantes ao valor social”, afirmou o parlamentar.

 

Para Glaustin Fokus, um dos grandes desafios do Brasil, hoje, é proporcionar oportunidade de trabalho para todos, no que ele chama de “um grande ciclo de orientação técnica para os novos negócios”. “Nesse ciclo, o Sistema S desenvolve papel muito importante”, disse o deputado, que afirmou ser “fruto do Sistema S”.

 

O parlamentar estudou nas unidades do SESI de Campinas e de Vila Canaã, em Goiás. “Isso é algo que me preocupa muito e tira a minha paz quando circula nos bastidores o tamanho do corte que o governo vai fazer. Sabemos a importância [do Sistema S] e tenho dados em mãos que mostram que a indústria emprega 9,6 milhões de trabalhadores e contribui com R$ 1,2 trilhão para o PIB brasileiro”, disse.

 

MAIS EMPREGOS – Juarez de Paula, analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), afirmou que, em um momento de crise econômica como o enfrentado pelo Brasil, o país precisa investir em políticas que gerem empregos. E as pequenas empresas, ressaltou ele, são o “grande colchão de amortecimento da crise social”, responsáveis por 54% dos empregos formais do país.

 

“O Brasil precisa de mais empresas e mais empregos. Precisamos de mais Sebrae. Os pequenos negócios são o grande colchão de amortecimento da crise social. As pessoas buscam nos pequenos negócios a sua geração de renda. Portanto, este é um momento em que precisamos incentivar, incrementar o trabalho de apoio aos pequenos negócios, e não subtrai-lo”, defendeu.

 

CONFIRA OS DEPOIMENTOS DE ALGUNS PARLAMENTARES:

 

“Estou muito preocupado com o que estou assistindo do ponto de vista do capital nacional (…). O governo está dando uma demonstração de destruição do Estado tanto do ponto de vista das instituições do Estado como das instituições que tem na sociedade uma representação importante, que vai desde as associações, que estão sendo fragilizadas do ponto de vista da sua personalidade jurídica até as confederações. Não vejo o Sistema S fora disso. Vejo o Sistema S dentro disso. E isso me preocupa demais (…). Há um processo de destruição do Estado brasileiro e estou muito ciente disso, das instituições, que vão desde as representações até os nossos órgãos, como eu disse há pouco sobre o IBGE. Não dá para ouvir de um órgão do governo que o IBGE não tem credibilidade. Isso é conquista do Estado brasileiro, não do governo, como digo que o Sistema S é uma conquista da sociedade brasileira, da indústria brasileira”.

 

“Posso afirmar que sou um fruto do Sistema S. Logo aos 12 anos, 13 anos de idade, eu já convivia bastante dentro das instituições em Araguaína, no norte do Tocantins, minha cidade, onde meu pai ajudou a fundar o Sinduscon (…). Eu tenho certeza que o Sistema S contribui significativamente para o desenvolvimento do país”.

“Eu acho que o sistema não pode ser perseguido da forma como está. Há uma perseguição muito forte aos empregadores do nosso país. Realmente, toda a legislação trabalhista, tudo o que vem ocorrendo no país vai contra os ideais, contra os princípios dos empregadores, que, muitas vezes, se sentem prejudicados e acabam optando por outros países”.

 

“Este é um momento extremamente importante que a gente vive. Eu vou falar porque eu conheço o Sistema S. Sou vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que coordena o Senar [Serviço Nacional de Aprendizagem Rural]. Já tive oportunidade de ser conselheiro do Sebrae e conheço muito bem os resultados que o Sistema S traz para toda a sociedade e população do Brasil. São trabalhos relevantes e que, sem dúvida nenhuma, os governos federal, estaduais e municipais não dariam conta de realizar. É um trabalho eficiente e que, como aqui já foi dito, não é com recurso público. Quem contribui é a própria atividade, a indústria, o comércio, a agricultura, o transporte (…). A gente fala que ninguém taca pedra em árvore que não tem fruto. Parece que a eficiência do Sistema S incomoda”.

 

“Eu acredito no Sistema S. O Sistema S, no Espírito Santo, é forte, parceiro de órgãos e instituições, atuante nos problemas e nas soluções no Espírito Santo.”

 

“Vim fazer meu testemunho da excelência do trabalho feito por SESI, SENAI, SESC, SENAT, SENAC e assim por diante, todo o Sistema S. Muitos dos joinvillenses que ou nasceram lá ou vieram do Paraná, do Rio Grande do Sul e de outros estados não teriam tido a chance de estudar em locais de altíssimo nível, com laboratórios de última geração, como é o caso que temos em Joinville, no SENAI, com cursos gratuitos ou subsidiados, por valores muito baixos, e que fizeram a cidade ser esse polo industrial com várias empresas conhecidas”.

 

Fonte: Agência CNI de Notícias

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