Com mais de 200 mil matrículas, SESI deve ampliar no país oferta da Nova EJA com parcerias

23/11/2023   17h57

O gerente-executivo do SESI, Wisley Pereira, destaca que Nova EJA foi implementada em escolas SESI das cinco regiões

O gerente-executivo do SESI, Wisley Pereira, destaca que Nova EJA foi implementada em escolas SESI das cinco regiões

Depois de seis anos de uma experiência bem-sucedida com a Nova Educação de Jovens e Adultos (EJA), o Serviço Social da Indústria (SESI) deve ampliar a oferta do modelo por meio de parcerias. Em evento nesta quarta-feira (22), em Brasília, a instituição mostrou a parlamentares e integrantes do Conselho Nacional de Educação (CNE), do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação (Foncede) e dos ministérios da Educação e do Desenvolvimento Social como a metodologia pode ser parte da solução de um dos principais desafios da educação no país, a baixa escolaridade da população.

O gerente-executivo de Educação do SESI, Wisley Pereira, lembra que o modelo começou a ser implementado em escolas da rede há seis anos, em caráter experimental. De lá para cá, foram mais de 200 mil matrículas, que alcançaram uma taxa de conclusão de 72% – o dobro da rede pública, que é de apenas 30%. Isso porque o desafio da EJA vai além de levar para a sala de aula os mais de 66 milhões de brasileiros com mais de 18 anos que não terminaram a educação básica e não frequentam a escola. É preciso garantir formato e conteúdo que motivem o aluno a terminar.


“Temos um currículo flexível, que leva em conta a forma individual de aprender e todas as habilidades e competências desenvolvidas ao longo da vida com o reconhecimento de saberes. Agora queremos levar essa experiência para fora. Precisamos de políticas educacionais baseadas em evidências, que têm resultados de aprendizagem”, defendeu Wisley Pereira.

 


O SESI-RN participou do evento com a gerente executiva de Educação, Ana Karenine Medina. O Rio Grande do Norte oficializou a adesão ao projeto por meio de Aécio Candido de Sousa, Presidente do Conselho.

Brasil tem meta para EJA profissionalizante 

A conexão com o mundo do trabalho e a possibilidade de fazer um curso profissional enquanto cursa a formação básica, a chamada EJA profissionalizante, são diferenciais da oferta do SESI.

“Olhando para a matriz curricular do nosso curso por meio de avaliações e entrevistas com os alunos, conseguimos identificar o que ele já sabe e olhar para o que falta para ele concluir. Ele não precisa rever conteúdo que já domina. Fazemos um plano pessoal de intervenção e cada um recebe material didático específico, com base no projeto de vida e no reconhecimento de saberes”, detalha o gerente de Educação Básica do SESI, Leonardo Lapa.

Formação dos professores e material didático autoral e colaborativo são diferenciais do SESI, afirma o gerente Leonardo Lapa
Formação dos professores e material didático autoral e colaborativo são diferenciais do SESI, afirma o gerente Leonardo Lapa

A oferta personalizada é possível porque o SESI elaborou, em colaboração com mais de 3 mil professores, 962 módulos e cadernos. O estudante pode escolher a formação técnica e profissional ou um dos oito itinerários formativos ligados a segmentos da economia: Alimentos e Bebidas, Construção Civil, Couros e calçados, Química, Madeira e mobiliário, Metalúrgica, Minerais não metálicos e Têxil e vestuário.

Lapa lembrou, ainda, que a integração da EJA com a educação profissional é meta do Plano Nacional de Educação (PNE): até 2024, 25% das vagas da EJA no país devem ser na modalidade profissionalizante, mas hoje são apenas 3,5% das matrículas. No SESI, o pecentual é de 50%. O gerente encerrou sua apresentação falando da importância da formação dos docentes para a educação de jovens e adultos dar certo e garantiu que o SESI vai levar a metodologia para outras redes.

Parcerias com governos estaduais e com o Ministério do Desenvolvimento Social

Duas parcerias do SESI já estão rodando. Uma com o governo estadual de Mato Grosso, por meio da Fundação Getulio Vargas (FGV), e uma com o Ceará, em que mais de 2.400 internos de presídios no estado estão cursando a Nova EJA.

A próxima foi anunciada no evento desta quarta pelo superintendente do Conselho Nacional do SESI, Wagner Pinheiro, e pelo diretor do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) Alisson Silva.


“Temos um GT [Grupo de Trabalho] há dois meses para um acordo de cooperação em que vamos ter beneficiários do Bolsa Família fazendo a EJA profissionalizante. Vamos dar uma capacitação para que essas pessoas possam empreender ou ser empregadas”, afirmou Silva.


Segundo o diretor do MDS, a baixa evasão alcançada pelo modelo do SESI foi um dos fatores que mais chamaram atenção da pasta, considerando o público do programa. O superintendente do Conselho Nacional do SESI complementou: “Nós podemos e queremos ser parceiros ativos. A integração com a política pública e a busca de soluções com efetividade são importantes.”

Para a coordenadora de EJA do MEC, Maria do Socorro Nunes, é necessária uma pactuação ampla, com investimentos da pasta e parcerias intersetoriais. “Temos 9,3 milhões de pessoas não alfabetizadas com 15 anos ou mais e 931 municípios que não ofertam a EJA”, alertou.

Tecnologia contribui para tornar modelo mais acessível

Para tornar o modelo do SESI cada vez mais acessível, o especialista do SESI Kledson Sousa aposta nas tecnologias. Ele lembrou que a Nova EJA é 80% no formato Ensino a Distância (EaD) e 20% presencial. Ele apresentou o ambiente virtual de aprendizagem do SESI, que, além dos conteúdos e das salas de aula virtuais, tem banco de questões no modelo do ENCCEJA (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), repositório de arquivos e relatórios quantitativos e qualitativos.

Coordenadores da Frente Parlamentar Mista de Educação participaram do evento e também reconheçaram a importância da EJA. Confira o que eles falaram:

Senador Flavio ArnsA população com mais de 25 anos está em torno de 130 milhões de pessoas e cerca de 60 milhões não têm educação básica completa. Por isso a importância do projeto do SESI. Vamos partir da história dessas pessoas, das suas necessidades. E temos tantos municípios diferentes, com realidades diferentes.  

Dep. Pedro CamposSó de EJA estar na pauta da educação já é uma vitória. Quando se fala de EJA, se pensa muito no passado, mas eu gostei muito do tema do evento, porque falar de futuro quando se fala de EJA é fundamental. Não há futuro deixando as pessoas presas num passado que não deu certo. Como podemos avançar? Buscar transversalidades, como essa parceria com o Sistema S e a indústria.

Com mais de 200 mil matrículas, SESI deve ampliar oferta da Nova EJA com parcerias

 

Dep. Tabata AmaralObrigada por darem esse passo tão óbvio, que é integrar a EJA com mercado de trabalho e ensino profissionalizante. Me enche de esperança ver isso. Minha mãe abandonou o ensino médio quando engravidou de mim e voltou a estudar quando eu estava no ensino médio. Nosso economista Paes de Barros já mostrou que jovem que não termina ensino médio vive de três a quatro anos menos, tem salário mais baixo, mais chances de ir pro crime e maiores chances de ter doença grave.

Dep. Rafael BritoEsse programa era um piloto, deu certo e agora vai ser levado para todo o Brasil, na expectativa de 150 mil novas matrículas. Quando fui secretário, fiz parceria com Sistema S e é a melhor coisa possível. Material didático e infraestrutura de excelência. Então quanto mais parcerias firmarem para EJA ser aprimorado, será um ganho para todo mundo.

Professor Israel, ex-presidente da bancada da Educação e articulador político do Todos pela Educação: O Brasil tem desigualdades continentais. Se pensarmos que vamos fazer uma política nacional, única para todos, estamos enganados. Ouvi atentamente discurso do presidente Alban e fiquei encantado. É um setor econômico que responde por ¼ do nosso PIB e precisa se posicionar efetivamente em prol do país. E vocês têm o SESI e essa estrutura incrível. 

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